Carreira

"Quanto as letras aprendiam somente o necessário e, em suma, todo o aprendizado consistia em obedecer, suportar o trabalho e obter a vitória em combate. Por essa razão, à medida que avançavam em idade, aumentavam-lhes também os exercícios corporais; raspavam-lhes os cabelos, faziam-nos andar descalços e os constrangiam a brincar juntos a maior parte do tempo, inteiramente nus; depois, quando chegavam à idade de doze anos, não mais usavam saios daí por diante, pois todos os anos lhe davam somente uma túnica simples, o que era causa de andarem sempre sujos e ensebados, como aqueles que não se lavam nem se untam senão em certos dias do ano, quando os faziam gozar um pouco de doçura...”


Apesar de mostrar pouco valor a educação teórica, mostra aqui o extremo racionalismo dos espartanos em relação ao preparo do indivíduo a carreira. A um militar naqueles tempos mais valia tinha seu vigor físico e habilidade em armas que desenvolver habilidades literárias. Vale lembrar que Pitágoras era espartano...
Outro aspecto importante a ser notado é que havia um esforço muito grande em incentivar os jovens a socialização pois possuíam o conhecimento que a ação de guerrear demandava um perfeito entrosamento da equipe e não apenas da ação individual, era necessário aprender a trabalhar em equipe.
Até mesmo a troca de roupa era restringida como algo desnecessário, não por falta de higiene mas como uma forma de submeter os indivíduos a uma situação real de guerra onde é necessário tirar o máximo de cada recurso oferecido, sem desperdício a o indivíduo, sem chances de escolha, é obrigado a suportar as adversidades.
Existia uma intensa racionalização na aquisição do conhecimento, orientando os jovens a serem os melhores e a ocuparem suas mentes com conhecimentos que pudessem aplicar em seu futuro. Como em outras coisas, até mesmo talvez num visão errada, o espartano opunha-se ao sistema educacional ateniense ou praticado em outras partes da Grécia pois acharam que este era responsável pela decadência das habilidades do homem em guerrear e defender sua nação. O culto as coisas supérfluas gerava a indolênia e levava o indivíduo a ocupar-se de coisas que não contribuiriam de forma positiva a sociedade.
Hoje, lugar comum é encontrar jovens indivíduos, homossexuais ou não que, movidos por vaidades ou até mesmo motivados pela crescente oferta de oportunidades vêem no trabalho apenas um “passa tempo”, não sendo capazes de suportar as fazes criticas da realização de uma empreitada nem tarefas que ao seu julgamento sejam “menos dignas”. Nas mesma forma de pensar, há aqueles que acham que é o dever da sociedade e dos setores de trabalho a adaptação completa do sistema para satisfazer suas necessidades ou anseios; julgam que os colegas devem adaptar-se ao seu jeito e não ele adaptar-se a agir de forma coordenada com o grupo. Uma visão completamente equivocada do indivíduo a sociedade em que vive e a qual é sua obrigação é, também, adaptar-se e contribuir da melhor maneira.
O despreparo do jovem em relação a prepara-lo a um futuro de trabalho, a falha no sistema organizacional onde o jovem deixa de compreender o valor do conhecimento, são fatores que nos fazem refletir se talvez os espartanos não estivessem com a razão em seu “racionalismo educacional”.

De: “A Vida dos Homens Ilustres” – Licurgo – Autor: Plutarco


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