Reflexões Sobre Jack Donovan
Há alguns anos atrás eu entrei em contato com um pensador chamado Jack Donovan. Naquele momento da vida, aquelas ideias serviram como uma luva pois falavam de um tipo novo, de pessoas com uma visão da masculinidade menos afetada pela dogmática cristã. Eram ideias que se fundamentavam na experiência dos antigos, na Antiguidade Clássica, e que de certa forma poderiam servir como parâmetro para o início de um novo comportamento do homem ocidental. Imaginando essas ideias e aquilo que eu via em relação ao Brasil, se essas ideias realmente extrapolassem o campo das ideias para a realidade prática, certamente impactaria na vida de um grupo de pessoas sem modelos positivos para se orientar; ou modelos cuja “sociedade das maiorias” havia imposto como forma de caricaturar uma parcela da população que realmente – aos olhos destes – não valia a pena.
Em dado momento Jack Donovan foi o porta voz de um grupo de pessoas que não se identificavam com os movimentos GLBT e seus desdobramentos..., também não se viam incluso no “reino das considerações heterossexuais” porém, existiam. Era a compreensão de que a não identificação não significa repúdio mas a “não somatória” como elemento de apoio, pois estaria alimentando o ciclo eterno da “estereotipagem” em que o homossexual masculino é incluso no mundo dos femininos por exclusão; se não serve para ser “homem macho” é mulher e deve se comportar como tal, e tratado como tal quando se fala do real machismo.
A questão do comportamento, esta sim – talvez – uma opção de escolha, para o homem homossexual se torna uma questão de sobrevivência, como abordado em dezenas de texto deste blog; é a escolha entre seguir pela vida galgando um lugar como qualquer outro indivíduo sem ter que ficar “prestando conta” de sua sexualidade ou carregar pela desistência, pelo desespero, o cansaço da luta o fardo imposto pela discriminação que coloca o homossexual masculino na invisibilidade, no sub emprego, no rechaço. A realidade do homossexual na mídia, nos vlogs, nas grandes cidades, o “gay bonito rico” e de família abastada é diferente do gay pobre, das cidades pequenas do interior do Brasil, onde a “liberdade LGBT” custa caro, custa a própria oportunidade de uma vida melhor, custa a própria vida muitas vezes!
Ao longo dos anos vi a forma de pensamento de Jack Donovan evoluir, o
curso natural das ideias apontaram para novas perspectivas que, para aquele que
acompanhou desde o princípio são claras mas e para essa nova geração de
leitores? Será que é tão clara assim?
A “apropriação” de ideias primitivas, o paganismo, o culto a
natureza, um patriotismo polido, enfim, ideias que para nós, os brasileiros
requeiram uma análise mais cuidadosa. Sim, porque temos aqui nossos pontos de
vistas, nossos conceitos associados a outros grupos, nossa própria experiência
histórica. O temor, se assim podemos chamar, é que distorçamos o contexto. É
realmente necessário, antes de mais nada, a reflexão dessas ideias em seu
conceito de origem para transpor de forma “limpa” a nossa realidade.
Ok, o conceito, as ideias estão alí e não sou capaz de
acreditar que alguém que não possua um poder “adequado” de entendimento se
atraia pelos textos do Jack Donovan, porém o preocupante é quando a interpretação tem
seus desdobramentos temperados a “má-fé”. A “má-fe” de pessoas obtusas que
distorcem as palavras e experiências dos outros de forma a fortalecer e, como
dizem, “resignificar” conceitos apagados e desinteressantes pela própria
invalidez.
Espero que os jovens aprendam a ler os escritos de Jack Donovan ou Ricardo Líper sob a luz de uma realidade adequada, sem “viés” pré concebido ou buscando alí
palavras para reafirmar uma interpretação pautada no preconceito. Somente a
reflexão franca pode mudar a realidade da maneira que esperamos. O resto..., o
resto é burrice mesmo!
Texto muito oportuno, parabéns!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom o texto.
ResponderExcluirConheci Jack Donovan justamente em um artigo que colocava sua imagem num panorama negativo, relacionando-o a movimentos extremistas, contudo, mesmo assim, enquanto lia algumas citações nesse artigo, fiquei intrigado. Pesquisei sobre ele, encontrei nas falas algo que eu sentia falta, sobre coisas que eu pensava mas não conseguia entender. Tive muitas dúvidas sobre o que lia dele e sobre ele; agora, relendo seus livros, ouvindo alguns podcasts, pesquisando sobre ele onde ele quem explica seus ideias, não posso mentir que me identifico e que encontro ideias oportunas a como eu me sinto.
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