O Estereótipo do Homem x Homem

Talvez exista uma grande ansiedade em se definir o que é preciso fazer para ser aceito pela sociedade de forma plena. Aos indivíduos, em posse de um senso crítico implacável, há a procura em moldar-se ao “esperado” socialmente, anulando desejos e expressões honestas de si mesmo e montando, peça a peça, uma identidade falsa dentro de “estereótipos” de um comportamento. A sociedade rejeita o diferente por não conseguí-lo classificá-lo de fora a adequada; ao cidadão intelectualmente limitado, não é possível definir um conhecimento sem o ponto de partida da classificação, seja de pessoas ou coisas, é necessário partir a análise a partir daquilo que sabe seja pela própria experiência ou daquilo que definiram para ele como conhecimento coletivo – “o que os outros me disseram, o que meus pais me ensinaram”. O conhecimento coletivo é parte da cultura de um povo. O problema se forma quando a “cultura” de um grupo permite que as pessoas exerçam quase que um direito de oprimir as minorias, ou exercerem ações claramente maléficas a grupos “diferentes”.
Os estereótipos, como surgem? Na maior parte das vezes não é possível identificar suas origens, estão profundamente enraizados na memória coletiva que é praticamente impossível anulá-los. A atual sociedade judaico-cristã criou para o homem um referencial do que ser, algo ao qual as pessoas identifiquem como o objeto da definição de uma palavra, reunindo ali um conjunto de qualidades (?) mais ou menos concordantes. Dessa forma define-se: isto é um homem, isto uma mulher e isto um gay.  Ao gay, entende-se tudo o que não se encaixa na definição do homem e da mulher, o que é dissonante ou inarmônico entre dois pontos bem definidos. O gay é aquele que está exatamente entre os dois pontos, nem uma coisa nem outra, mas um ser conflitante entre os valores masculinos e femininos, estranho de sí, para si e para os outros, variações mais próximas aos pontos A ou B de convergência apontam então para outras definições, cujas classificações são quase sempre pejorativas e reafirmam a inadequação ao que a sociedade espera dentro de sua classificação do “normal”. A sociedade é clara e procura ser objetiva quando se define o que dever ser ou o que se espera de um homem e uma mulher, dessa forma é que os indivíduos são orientados ao longo de sua formação, porém, ao que foge dessas definições a sociedade abdica, apenas classifica como o produto falho, algo inesperado e indesejável “não nos pertence”. Cria-se assim um subgrupo e este então uma sub-cultura que os faça sentir como pertencentes a algo, uma sociedade alternativa dentro de uma sociedade que os rejeita.
Quando se fala a palavra “espartana” e define-se um grupo como espartano, tenta-se definir um grupo de indivíduos cujas características são distintas, porém não incomuns, um grupo de pessoas aos quais, pelo comportamento e valores os una numa nova definição do que é possível ser como indivíduo e detentor de sentimentos e interesses comuns. Assim como um modo de vida e o pensamento de um povo define uma cultura, e para se haver uma cultura não é preciso haver uma Pátria, o “espartano” se une através das idéias e valores, buscando então criar uma cultura que os defina de forma clara e os identifique como membros de valor na sociedade. Entendo que o primeiro ponto então para essa nova cultura seja o desapego aos valores já definido para aqueles cuja sexualidade seja classificada como androfila. O gradual desapego a valores destorcidos e impostos pela sociedade judaico-cristã aos pequenos grupos e a busca de uma identidade formada por novos valores é a nossa busca e deve a futuro definir – talvez um novo estereótipo – mas a maneira como a sociedade deverá nos ver e classificar. O sentir-se espartano é identificar-se com valores perdidos ao longo da evolução da sociedade moderna e buscar entre iguais o senso de irmandade comuns aos grupos masculinos. Existe uma percepção diferente do “ser homem” porém sem depreciá-lo como um “produto falho” da sociedade estabelecida. Ao espartano resgatam-se valores que o permitirão retomar seu lugar na sociedade como parte integrante e de valor social, o papel do guerreiro as quais o sentimento e as necessidades psicológicas diferenciem-se dos outros cidadãos sem no entanto os excluir de sentir e desfrutar dos valores comuns da sociedade, como foi na Grécia, Roma, Japão e inúmeras sociedades antes da expansão da cultura judaico-cristã.











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