Jogando e Sabendo Perder
Desde que criei esse blog, tenho tentado escrever sobre
coisas pertinentes ao dia-a-dia dos espartanos. Em alguns momentos, no entanto,
nos damos conta da complexidade desse jogo de equilíbrio onde se tenta manter
de um lado sua vida sentimental x sua vida pública.
Sempre tive alguns problemas com a curiosidade feminina.
Evidentemente que desperta mesmo muita curiosidade o fato de um homem, normal
aparentemente, permanecer sozinho por tanto tempo. Além disso, para muitos,
tanto homens ou mulheres, estando sozinhos é sinônimo de procura, as pessoas
realmente se incomodam muito com os solteiros, com aqueles que se mostram muito
bem sem um par; nesse ponto há sempre o assédio.
Incontáveis foram as vezes que, ou em locais de trabalho ou círculos
de amigos, tentaram me arranjar parceiras – mulheres solteiras, amigas e
disponíveis a encontrar o amor – enfim, nunca ninguém me perguntou se eu estava
disposto a me sujeitar as propostas dos cupidos de plantão, e que classe desagradável
eles são! Analisa-se, e conclui-se que, ora...que porra é essa?
Porém um dia desses me peguei em um pensamento perturbador.
Vendo uma foto de uma ex-candidata, nem tanto atraente, e sem a mínima
possibilidade de sucesso – já que o objeto de minha atração não é o sexo
feminino – fiquei com o gosto desagradável do “e se” como se de um momento para
outro eu me sentisse um anormal. E se eu fosse hétero e não homossexual, e se
eu tentasse viver com uma garota, e se...
O jogo então é bem simples e já foi jogado diversas vezes, e
se você manter essa conjecturação vai logo perceber a impossibilidade de se
manter da vida uma mentira. O jogo da resistência a própria natureza é um jogo
que está perdido a muito tempo e mesmo que se queira tentar enquadrar-se no “padrão”,
isso levará certamente a um final desastroso onde mais de uma pessoa pode se
machucar.
Entendo para mim mesmo que o importante é achar meios de
encontrar a autossatisfação em seu próprio estilo de vida, criar alternativas
para reconciliar as cobranças do mundo ao redor com aquilo que podemos fazer
sem nos ferir, compreender o que somos antes de tentar atravessar o espelho
para um mundo invertido, onde devemos ser exatamente o contrário do que diz o
nosso desejo, nosso pensar.
Talvez a grande jogada ou o xeque-mate disso tudo seja
sentir com sinceridade a felicidade pela felicidade das pessoas as quais não
pudemos a mesma coisa proporcionar. Que alguém lhes dê a felicidade que não
somos capazes de dar. E seguimos em frente, perdendo uma partida ou outra, mas
continuando dentro do jogo.
‘Casamenteiro(a)’ é uma antiga instituição. Mas, exceções feitas, os pretendentes ficavam a par das ‘armações’ tramadas. O duro é aguentar gente chata tentando empurrar ‘malas sem alça’ para o nosso lado. Tô fora!
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